Os foliões provavelmente nem vão perceber, mas quando estiverem pulando o Carnaval nas ruas de Salvador, no próximo ano, estarão carregando um chip em seus abadás capaz de identificar que a vestimenta é mesmo original. O objetivo é evitar fraudes e furtos, comuns por se tratar de uma camiseta que pode custar R$ 1,5 mil e dá direito a acompanhar de perto os principais trios elétricos da festa na Bahia.
“Estamos conversando com o grupo que coordena os blocos porque o índice de falsificações e roubos é muito grande e mesmo as medidas já adotadas, como a criação da central dos abadás, que concentra a entrega num mesmo lugar, não conseguiu evitar os problemas. Afinal, um abadá pode custar R$ 1,5 mil, mas um turista estrangeiro é capaz de pagar US$ 1,5 mil para conseguir um no dia do Carnaval”, diz Yan Medeiros, gerente da área de microeletrônica e eletrônica embarcada do Senai/Cimatec (Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia) da Bahia.
O Cimatec é um dos líderes no país em pesquisa e desenvolvimento da tecnologia RFID (sigla em inglês para Identificação por Rádio Frequência). Originalmente essa tecnologia seria o passo seguinte da leitura por código de barras, com a grande vantagem de não precisar que cada peça, produto, caixa, etc, seja conferida individualmente - uma vez que o sinal pode ser captado de todo um grupo de etiquetas com RFID simultaneamente a até oito metros de distância. O caso dos abadás, no entanto, ilustra a versatilidade do recurso.
A clientela principal é constituída por indústrias ou grandes empresas. As Casas Bahia, por exemplo, adotaram o RDIF como instrumento capa de monitorar online todo o estoque. A HP embute a tecnologia em cada peça dos produtos vendidos e, com isso, sabe até se houve substituição de algum componente original. É, ainda, o mesmo sistema do pedágio Sem Parar, de São Paulo. A aposta é tanta que o Senai decidiu expandir o laboratório de RFID da Bahia, replicando a experiência em sete outros estados - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Espírito Santo e Pernambuco.
O uso mais comum é como uma etiqueta, com chip e antena, capaz de armazenar algumas informações. Por isso, funciona como uma ferramenta de rastreabilidade e logística. E apesar da instalação de sete novos laboratórios de RFID servir como indicador de que há demanda pela tecnologia, Yan Medeiros, do Cimatec, sustenta que ainda há resistência.
“Acabamos de realizar um evento para discutir a tecnologia RFID. Todas as empresas gostariam de utilizar, afinal é um instrumento que pode reduzir custos, reduzir o número de fiscais. Mas fora das grandes, há ainda uma resisência, especialmente pelo temor do investimento. Só que é justamente o uso mais intensivo que pode reduzir esses custos”, diz ele. Uma etiqueta com RFID para uso em caixas de papelão, por exemplo, tem custo unitário de R$ 0,50; enquanto uma que possa ser colada em um contêiner de metal e tenha capacidade de armazenar até 2 M de dados pode sair por US$ 50.
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